Canções

Canções
de Reis

Em algumas regiões, as canções de Reis são por vezes ininteligíveis, dado o caos sonoro produzido. Isto ocorre, quase sempre, porque o ritmo ganhou, ao longo do tempo, contornos de origens africanas com fortes batidas e com um clímax de entonação vocal. Contudo, um componente permanece imutável: a canção de chegada, onde o líder (ou capitão) pede permissão ao dono da casa para entrar, e a canção da despedida, onde a folia agradece as doações e a acolhida, e se despede.

No Sul de Minas, um grupo de Folia de Reis é composta da bandeira ou estandarte que é decorado com figuras alusivas ao Menino Jesus, ou mesmo com palavras relativas à data. Outro componente importante é o bastião que se veste de modo característico, mascarado e sempre porta uma espada, este tem a função de folião propriamente dito, levando alegria por onde a folia passa, e como que abrindo caminho para a passagem da folia que de certa forma representa os próprios Reis Magos. O bastião tem também a função de citar textos bíblicos e recitar poesias alusivas. Na sequência o grupo de vozes se organiza em mestre, ajudante, contrato, tipe, retipe, contratipe, tala, ou finório. Na verdade esses nomes se referem a uma organização das vozes em tons e contratons, durante a cantoria, o que leva a formação de um coro muito agradável aos ouvidos. O mestre, por sua vez, tem o papel especial de iniciar o canto, que é feito em versos e de improviso, agradecendo os donativos da casa visitada. Os outros componentes, então, repetem os versos, cada qual em sua voz, na cadência definida pelo mestre, acompanhados pelos instrumentos que tocam. As músicas tem caráter geográfico, histórico e sociológico, a exemplo podemos citar uma canção do reisado de Zabelê:

” Hoje é o dia de ensaiar meu reisado.

Meu mestre, tenha cuido Hoje aqui neste salão. (bis)

Mas ô meu mestre, seu reisado de quem é?

Se é de moça ou de mulher. (?)

O meu palhaço que saber. (bis)

Se for de moça, de moça previna mais um cuidado.

Aonde tem cabra safado, não me importa de morrer. (bis)

Eu vou dançar é nas Águas do Cariri.

Meu mestre, cheguei mas não foi para apanhar.(bis)”